Baderneiros e mimados

O filósofo inglês diz que os quebra-quebras em Londres são obra de uma juventude dependente e ressentida, criada pelo excesso de políticas estatais assistencialistas

Esta é a manchete das páginas amarelas da Revista VEJA – Edição 2235 – 21 de setembro de 2011  –  Leia a entrevista na íntegra em:

http://veja.abril.com.br/210911/baderneiros-e-mimados-p-17.shtml

Indicação: este texto, atual e provocador, pode ser usado em sala de aula para tratar de diversas conexões entre alteridade, preconceito, autoritarismo, utopia, etc. Ele retrata a visão de um filósofo inglês (Roger Scruton) conservador, portavoz de uma classe com fortes sinais de xenofobia. Ele se descreve como um ex-socialista que “acordou” para a farsa dos levantes estudantis de 1968, nos quais foi ativo participante.

Minha opinião (juízo de valor sobre as afirmações de Scruton: (foi uma resposta a um homem de negócios de topo no Brasil, nível de bilhões em termos de movimento no mercado financeiro)

Prezado “Fulano”,

O perigo de posições como a do Scruton é que elas resvalam pelo mesmo argumento nacionalista usado pelos nazistas contra os judeus: descreve uma realidade com muitos pontos de verdade e com clareza, dá uma versão que agrada a um público xenófobo, e generaliza o conflito como sendo causado pelos “OUTROS”. A saber: “nós”  (established, ingleses)  e os “outros”  (outsiders, imigrantes).

Por exemplo, veja o trecho: “Mas é preciso um pouco mais de honestidade intelectual para buscar uma resposta mais concreta sobre o que ocorreu em Londres. Por debaixo do verniz civilizatório, todo homem tem dentro de si um animal à espreita. Infelizmente, se esse verniz for arrancado, o animal vai mostrar a sua cara. A promessa de concessão de direitos sem a obrigatoriedade de deveres e de recompensas sem méritos foi o que arrancou o verniz nessa recente eclosão de episódios de vandalismo na Inglaterra.”

Ou seja, imigrante é uma fera humana, pois tem apenas “verniz”, mas os ingleses “puros” passaram pelo “processo civilizatório”  (a la Norbert Elias). E feras causam arruaças, depredações etc. Mas se estão dando voz a Scruton, aí vem ferro para os imigrantes. Já estou antevendo: “Heil! Europa para os europeus” — resta apenas saber quem é um europeu…

Abs,

“Este que vos escreve”


  1. Parece que você precisa aprender a ler, meu chapa. Você agrega ao texto conotação que ele não tem. Que pena! Scruton refere-se Do Contrato Social, de Jean Jacques Rousseau, que você, provavelmente, se leu, deve ter lido da mesma maneira que o texto de Scruton, do contrário não escreveria uma bobagem dessas. Veja um trecho:

    “A passagem do estado natural ao civil produz transformações no homem, substituindo o instinto pela justiça e conferindo moralidade às suas ações. O homem se vê obrigado a agir conforme princípios distintos dos naturais. Ao entrar no estado civil, o homem passa de animal estúpido a um ser inteligente.

    Esta mudança implica em perdas e ganhos. Com o contrato social, o homem perde a liberdade natural e o direito ilimitado sobre as coisas. Em contrapartida, ganha liberdade civil, liberdade moral e propriedade do que possui. A liberdade natural é limitada pela força individual e a civil pela vontade geral. A liberdade moral é o que torna o homem senhor de si, enquanto o impulso do mero apetite é escravidão.”

    Abraço,
    Gabriel Fernandes




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